22 junho 2007

Salve

Graffiti é cultura, então vamos a ela. Hoje em dia no Brasil muito se fala sobre a "nova safra" de cantores compositores que estão por aí. Uma coisa que penso e acho que deve ser discutida é: qual a importância desses caras? Eles serão lembrados daqui a vinte anos?? Hoje em dia vários amigos celebram esses músicos como se fossem a solução de vários problemas, mas eu, particularmente, não gosto de nenhum. Isso me enche de dúvidas, por exemplo: se eu vivesse há 30 anos, acharia a tropicália o que eu acho hoje? E você? Confesso que alguns têm várias qualidades, inclusive a ponto de se eternizar, mas será que o Lenine será o Caetano da década de 2030? A resposta verdadeira só lá, mas que a curiosidade aguça, aguça. O que mais me incomoda é que vários desses caras forçam a barra para serem eternizados JÁ, isso é muito chato... Muita pretensão, tenham calma meus amigos. Pois tem gente fazendo música muito mais interessante que a deles, mas ninguém conhece. Poderia citar alguns, mas prefiro perguntar: será que o pexbaA [www.pexbaa.com.br] será o novo Mutantes??? Dúvidas que nunca serão respondidas...
abraços
Rafael

15 junho 2007

Melado



Não, esta não é uma receita de sobremesa da minha avó (apesar de que, se fosse, também seria ótimo).

Este é um post sobre Melado, o João Batista Melado, um dos grandes quadrinistas da atualidade. Exagero? Talvez. O tempo dirá, até porque o Melado não é lá um autor tão conhecido. Pelo menos, não com seus quadrinhos. Porque, como chargista, ele já é um veterano de guerra - atualmente, publica no Diário da Tarde, de Belo Horizonte, mas já foi do Estado de Minas, da imprensa sindical e do grande, saudoso, efêmero, Humordaz, durante os anos 70 (você não sabe o que foi o Humordaz? Problema seu).

Ah, e ele foi um dos fundadores da revistinha Uai!!, também no fim dos anos 70. Lá ele publicou suas primeira história em quadrinhos. Porque a segunda foi mesmo na Graffiti. Para ser mais exato, a Graffiti 6, em um já distante ano 2000 (como voa). Lembro-me de ter-lhe dito, do alto da minha empáfia: a história tá ótima, mas o primeiro quadro (o primeiro!) tá confuso. E não é que ele, do alto da sua humildade, mudou? E a história, que já era estupefaciente, ficou ainda mais.

E foi só a primeira. Desde então, ele já publicou umas sete ou nove histórias em quadrinhos, todas na Graffiti, todas impactantes, todas etéreas, meio kurosawa, meio moebius, meio will eisner.

Bom, o Melado não é um quadrinista conhecido, porque a Graffiti também não é lá uma revista conhecida. Agora, ele está produzindo uma HQ longa para o nosso próximo álbum, da série “100% Quadrinhos”. Outro dia, ele nos mandou alguns trechos. Tomo a liberdade de reproduzir aqui um pedaço de uma página. Eu não sei como é a história, mas não precisa. Tomara que, depois do lançamento desse álbum, ele tenha o reconhecimento que merece.

13 junho 2007

Como estão os quadrinhos nacionais?



Vi e li alguns lançamentos recentes de quadrinhos, como Avenida, Quadrinhópole, Tarja Preta, Jukebox, Ragú, Alienz... Existem ainda Gorjeta, Cão, Garagem Hermética, e outros que eu só tive a oportunidade de conhecer pelo nome. Está claro que estes títulos têm em comum o fato de serem publicações independentes nacionais. Alguns, como Ragú, parecem já ter alcançado maturidade gráfica e uma linha editorial definida. Outros, como a paranaense Quadrinhópole, ainda tateiam em um terreno obscuro, carecendo de rumo, que certamente virá, se a revista não acabar antes da hora.
Fato é que todas estas publicações - e mais inúmeras pelo país adentro - fazem parte de um movimento não-declarado, silencioso e crescente, que impera no mercado de quadrinhos. Trata-se do movimento independente, alternativa ao restrito mercado comercial de quadrinhos, por assim dizer, que vive de certezas e prefere não apostar no novo, no alternativo ou no que sai dos padrões tradicionais. Esta preferência pela tradição é, até certo ponto, perfeitamente compreensível quando estamos falando de grandes empresas, cujos chefes prestam contas a chefes maiores ainda. Não dá para arriscar.

Mas também não dá para fechar os olhos para esta interessante novidade, este mar de quadrinhos nacionais que passaram a inundar sites e blogs dedicados ao gênero. Basta olhar o site do Universo HQ, por exemplo: todo dia tem uma ou duas notícias referentes ao quadrinho nacional, o novo quadrinho nacional, este que é independente e que caminha às margens do profissionalismo.

O quê? Às margens? Quer dizer que este não é um quadrinho profissional?

Fato é que os níveis de profissionalismo são tão variáveis quanto a qualidade das revistas - repare que em momento algum usei a nomenclatura “fanzine”, porque nada do que foi citado se enquadra nas características de um. São revistas, cuja qualidade gráfica, e especialmente cujos conteúdos, são bastante diferentes uns dos outros. Não se trata de um gênero, e sim de um segmento.

E como estas revistas sobrevivem, sendo independentes? Como bancar uma tiragem de mil, dois mil exemplares, cuja distribuição mambembe vai render pouco ou nada? Algumas atacam de lei de incentivo. Outras se atêm a um, dois ou três bravos patrocinadores locais. Outras, ainda, vão no peito e na raça mesmo. A continuidade, ou não, do título, vai depender de uma série de fatores, e nenhum está diretamente relacionado às vendas. Uma revista - qualquer revista - só venderá bem se tiver uma agressiva estratégia de publicidade, algo que nenhuma das citadas é capaz de fazer. Por isso, a sobrevivência se dá por outros meios - afinidade de um patrocinador, uma boa defesa do projeto junto às comissões de lei de incentivo, ou mesmo um mecenato pessoal (o famoso “pago para publicar”). Nenhuma destas alternativas é ideal, porém...

Acho extremamente saudável toda esta proliferação de revistas em quadrinhos nacionais. É necessário, entretanto, que elas cheguem às livrarias, às comics shops, aos pontos de venda. O busílis é justamente este: colocar a revista à venda. Não adianta sabermos que a revista existe apenas através dos sites de HQ. É preciso conviver com elas: chegar a uma livraria e encontrar o novo número de uma revista independente. Com tantos editores plenos de vitalidade e boa vontade por aí, seria interessante pensar numa grande rede de distribuição alternativa, uma espécie de mapeamento - tal rede até já funciona, eu sei, mas de forma desorganizada e cartesiana. O processo é lento - quem trabalha com quadrinhos há mais de dez anos como eu sabe bem disso - mas o futuro me parece bem promissor. Assim se forma um mercado - pelo menos é uma boa teoria.

07 junho 2007

Nao era um homicidio


Esta foto que retrata a redação da GRF em 1996 é uma das minhas favoritas. Na época do lançamento da n.2 as reuniões eram lotadas, era tanta gente que alguns nem conseguiam falar... Implacar uma idéia ou apresentar uma proposta de capa era uma verdadeira operação de guerra! Os encontros acabavam quase sempre em festa e a presença de mulheres tornava tudo mais interessante. Nada a ver com os homicídios de hoje, com 4 caras feios e barbudos reunidos na mesa do boteco...