

A espiral pode ser dextrógira ou levógira, ou seja, pode rodar para direita (neste caso é associada ao sol) ou para esquerda (associada a lua), como indicado nesta representação medieval inspirada na tradição hindu.


A suástica levógira é lembrada hoje negativamente por ter sido adotada como símbolo pelos nazistas, mas seu emprego, como vimos, é bem mais antigo e remete a percepção e representação gráfica de fenómenos da natureza.
Dentro da ideia do graffiti como prática atemporal que emprega signos universais em contextos distintos ao longo da história, a suástica aparece então como recurso gráfico para enfeitar, por exemplo, o braço horizontal das letras e criar a impressão de movimento:


Nestes exemplos é mais evidente a relação do elemento horizontal gamado com a dupla espiral.


No caso abaixo, registrado em Belo Horizonte, uma suástica complementa uma letra 'M'. Pelo contexto não parece que o autor tenha tido a intenção de fazer apologia ao nazismo. É possível que o símbolo tenha sido empregado apenas como artifício gráfico ou por remeter a algo condenado pela sociedade, reforçando então o caráter depredatório da pichação.


De uma maneira geral a suástica e o braço gamado pertencem a uma fase recente da pichação. Os pichadores parecem hoje mais preocupados com a estética das letras - que deixaram inclusive de serem herméticas e ficaram mais inteligíveis para os leigos - e acrescentam símbolos e recursos gráficos singelos que revelam a influência do grafite (se é que realmente há uma diferencia entre os dois). Mesmo assim as formas da pichação continuam mais próximas da escrita e da abstracção dos signos que do desenho propriamente dito, tendência esta cada vez mais acentuada no graffiti contemporâneo se comparado ao dos anos oitenta.


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