14 julho 2009
Graffiti 19 press release
Neste número de 74 páginas, a Graffiti expande fronteiras para apresentar trabalhos, pela primeira vez, de dois artistas sérvios premiados e renomados nos Bálcãs, além de mostrar, claro, histórias de 11 expoentes nacionais já com longa relação com a revista. Ambos Maja Veselinovic e Aleksandar Zograf vinculam seus relatos a uma Belgrado que resistiu intelectualmente aos conflitos de guerra sem sucumbir totalmente aos efeitos devastadores da tirania imposta nos anos 90. Maia poderia evocar a divisão, mas, ao contrário, conta a história pessoal de uma ponte que unia uma sociedade fragmentada antes de ser bombardeada. Seu trabalho ilustra a capa e contracapa desta edição.
Já Zograf – que significa “pintor” em grego ortodoxo – traz dois relatos coloridos em formato jornalístico: um sobre seu encontro com o cultuado grupo de rock Residents e outro, mais saudosista, traçando um paralelo de coincidências entre a Belgrado dos anos 30 e a atual através da literatura e poesia de seu país.
Além dos trabalhos gráficos, a Grafitti traz uma entrevista feita pela jornalista Alexandra Martins e o quadrinista Piero Bagnariol, um dos editores da revista, sobre a história do hip hop em Belo Horizonte. Os protagonistas Ba e Nego relembram os primórdios da chegada do movimento na zona oeste da capital mineira, nos anos 80, quando ambos disputavam território palmo a palmo com grupos rivais de talento equiparável à dupla. A histórica entrevista conta detalhes de atuação e intervenção urbana dos b-boys, grafiteiros e DJs pelas quebradas da cidade.
O quadrinista maranhense Bruno Azevêdo volta a publicar na Graffiti, desta vez em parceria com um estreante em nossas páginas, Pablo Mayer, autor do álbum “A Casa ao Lado” (HQM Editora), ao lado do roteirista Diogo César. Azevêdo e Mayer mostram, com humor, criaturas habitantes de um mundo bizarro em visita ao planeta terra.
Na sequência, Piero Bagnariol quadriniza uma história que faz parte de uma série de 2002 sobre a vida do mestre Masahiro Oki. Nessas tiras, um homem atormentado pede ajuda à sua própria vítima, o mestre, que acaba conduzindo esse homem a um caminho com volta.
Luciano Irrthum - cujo trabalho mais recente, o álbum “A comadre do Zé”, foi publicado pela Graffiti na Coleção 100% Quadrinhos - resgata uma história curta e experimental de 2000, com roteiro de José Armando. Esse trabalho contrasta com os atuais do artista porque, a partir de sua análise, fica claro como seu traço hoje ganhou em clareza, ainda que seus tormentos continuem sendo os mesmos.
Fabiano Barroso, outro editor da Graffiti, publica em duas páginas um caso recheado de fértil ironia vivido por um cidadão normal dentro de um bar, que faz parte de uma série de pequenas histórias passadas no centro da cidade, de 2009.
O gaúcho Sylvio Ayala, veterano da produção nacional de fanzines, marca presença rápida, em duas páginas, com tiras em ritmo de poesia concretista, mas com um escárnio linguístico próprio bem adaptado à história passada dentro de um coletivo mequetrefe.
O paulistano João Pinheiro volta à revista, pela terceira vez, com situações de temática urbana. Dessa, um homem expõe as interrogações de sempre surgidas após o rompimento com a namorada. Singelo. O espaço urbano é retratado em detalhes, sem economia de impressões. João Pinheiro tem trabalhos publicados na revista “Front” (Via Lettera).
O chargista Melado, um dos fundadores da revista “Uai!”, nos anos 70, exibe mais uma vez na revista seu talento como quadrinista. O protagonista de Melado na história criada para a Graffiti é mais um paranóico deste mundo com ânsias de fazer justiça com as próprias mãos. A elasticidade dos personagens amplia o território da linguagem, mantendo-os presentes em mais de um quadro simultaneamente.
O chargista mineiro Evandro Alves apresenta um corajoso conto sobre a prostituição, “Garotas dentro da noite”.
As últimas páginas trazem um quadrinho premiado do nosso ilustre colaborador gaúcho Guazzelli, com seqüências sobre um mercado ilícito de venda de órgãos.
Por fim, em encarte especial de 32 páginas no miolo da revista, Guga Schultze traz, com seu característico traço hachurado, um peculiar, bem-humorado e nada correto ponto de vista sobre a criação do mundo.
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