06 julho 2007
Graffiti no UHQ
A Graffiti teve sua edição resenhada hoje no site Universo HQ, por José Oliboni. Reproduzo abaixo o trecho principal da crítica:
[Sinopse: Revista mix com diversas histórias em quadrinhos curtas, além de textos ilustrados e ensaios fotográficos, predominando temas político-sociais, principalmente sobre excluídos.
Positivo/Negativo: A Graffiti é uma revista já com um longo caminho trilhado e que, aparentemente, direciona bem o seu público. Desde a capa, mostra que tem pretensões maiores do que ser mais um título de quadrinhos para os leitores tradicionais.
Com ensaios fotográficos, textos ilustrados muito bem formulados e um forte tom de protesto em todas as HQs, nota-se que a revista quer passar um recado, que tem uma bandeira política (e isso não quer dizer que seja vinculada a algum partido) e deseja mudar a sociedade por meio da arte.
Apesar de toda a pretensão, a edição fica devendo na arte de algumas histórias, como A Curva do Rio e Amar É.... Ao mesmo tempo em que traz outras com um estilo bem formado, de alta qualidade e representatividade, casos de Criança de Domingo, Barroco e Morte Encomendada.
No geral, o nível das histórias é bom, o estilo pessoal de cada artista é bem marcado e, apesar de alguns deles ainda precisarem aprimorar um pouco seus traços, estão bem encaminhados.]
Eu gostaria de comentar esta crítica no próprio Universo HQ, mas o site não oferece este recurso - afinal, não é um blog. Por isso, comento aqui - que o José Oliboni nem ninguém lá do site fique bravo com isso.
Primeiro, sobre a "bandeira política": acho que uma coisa é uma proposta editorial - coisa que toda revista deve ter. Outra, bem diferente, é levantar bandeiras. A Graffiti recebe colaborações dos mais diversos autores, em estilos igualmente desiguais. Esta edição, ao contrário das anteriores, não teve um tema - ou seja, cada autor discorreu sobre o que quis. Em meio a essa profusão, encontramos uma hq de puro humor negro, "Morte Encomendada", do Irrthum, uma adaptação de conto infantil, feita por mim, uma hq em fotos ("Eu Nunca Nasci", a qual, suponho, Oliboni tenha se referido como "ensaio fotográfico"), além de poesia sarcástica ("A Morte do Lidador", de Guazzelli, que lida com velhice, Viagra e morte), delírio visual ("Galfanhus Sidsummus", de Alexandre, e "Barroco", do Caballero) e uma 'homenagem' (não sei se intencional) ao Guimarães Rosa, "A Curva do Rio", do Alves. A única HQ 'de protesto' é "Sai Sangue", de Sylvio Ayala, que para mim mais adota o estilo jornalístico do que propriamente levanta uma bandeira política.
Como dito acima, a Graffiti adota uma postura editorial. Experimentação, busca por novas e diferentes técnicas, liberdade de conteúdo, textos que estimulem o pensamento. Desta proposta saem histórias como "Amar É...", de Guga Schultze, totalmente desenhada via mouse no paintbrush. Ou "A Curva do Rio", que acaba de ganhar um importante prêmio no RS. Eu, sinceramente, se fosse fazer uma crítica sobre uma hq (qualquer hq), tomaria cuidado ao informar meus leitores que "a arte fica devendo". Esta informação, por si só, é subjetiva demais. Se a arte fica devendo, precisamos saber o porquê.
Por fim, uma sugestão: reviews de revistas independentes, como Graffiti, Ragu, ou mesmo a Front, poderiam ter um contato, um site, algo que os leitores podem acessar. Porque a distribuição destas revistas, como se sabe, é limitadíssima...
Bem, estas são somente observações turronas. Em todo o caso, a crítica é válida, fiquei mesmo feliz de ver a Graffiti lá, em meio aos reviews do Universo HQ, que gosto muito. Espero que possamos ter mais edições resenhadas pelo pessoal do site do Gusman (que prometeu uma resenha do Um Dia uma Morte, hein?).
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